Procura-se um alerta,uma pausa,alguma tecla que ajude a apenas viver sem especulações com a vida. Sobrevivo às turras comigo mesmo, não existe duelo maior do que essa intensa briga. Sou adversária de meus próprios sentimentos, e até onde firmo minha parcialidade nisso, não sei. Sou deliberadamente atrevida, arrogante comigo e porque eu não páro e me ouço quando é preciso? Meu coração se revolta quase sempre, eu ando lado a lado com a minha inquietude soberba.
Quanta loucura, as minhas quatro estações estão em choque. Muda-se,troca-se,confunde-se. E cá estou sem a menor recuperação, sou involuntariamente louca, profusa de sentimentos. Não tenho cura!
Há um verdadeiro colóquio entre meu coração e minha razão, e como discutem e como cada um se acha superior ao outro. Ri-se disso como quem está em uma platéia em plena peça de humor. Estão as gargalhadas um do outro. Quem será que eles convencem?Talvez apelem a mim.
Quem sabe um dia eu decida escolher o lado certo para seguir, talvez eu deixe a razão me guiar por uma série de motivos inúteis que não adianta relatar aqui e deixar totalmente presente a parte mais racional do meu ser. Ou então eu resolva seguir a estação certa, e me deixar completamente nas mãos do meu coração, esse ser que se rebate em meu peito, que se exalta e que me deixa totalmente atônita com suas decisões. Mas por fim, vivo sobre a gangorra, vivo em corda bamba.
Sou meticulosamente indecisa, risos à parte, mas sou a pessoinha mais confusa que existe e também egoísta, porque quero explicitamente seguir os dois lados da moeda, quero ser completamente razão e despidamente coração, sem que haja brigas de consciência, sem que haja motivos para desacordo, sou imediatista a ponto de trancar-me no lugar mais escondido com meus dois inquietos testemunhos e querer.Jogarei a chave fora e lá ficarei sem discordar,sem me perder.
Entretanto, revelo que não duraria muito sendo essa cápsula de dois pesos.
Admito que minhas estações são completamente adversas,contraio tão pouco de cada uma,e ao mesmo tempo sou a fusão de todas elas num único sentido: a entrega.
Mas não desisto da compreensão que me levará a sutil resposta de mim mesma. E de tudo sempre restará um pouco de mim,nos meus tropeços,nas minhas loucuras,nas minhas decisões...são como digitais...são únicas,pertence a um ser que nunca e em hipótese alguma será substituído.
Sofro do meu próprio martírio, da minha intensidade de pensamentos e sentimentos e me atolo quase sempre neles. Aí não há discussão, só a espera para a lenta recuperação.
Procuro a cura para meus próprios devaneios, e entre a razão e o coração, no equilíbrio dos dois, talvez eu consiga a solução para essa contusão que sempre fica em mim.
Então, basta a espera paciente e concordata das minhas estações. Tentarei buscar o perfeito equilíbrio entre as duas causas, assim a cura estaria próxima, ou senão o alivio para os meus apelos emocionais mais profundos e propagados de graça, com a revelia aparente e com a calma que se basta.
Ana Clea Bezerra
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