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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010



Era mais um dia, daqueles meio nublado,um dia em que se quer ficar na cama, com todos os lençóis agarrados. Não era segredo, mas era pra ter sido guardado entre palavras de jura, entre o não querer ser o que não era.
Na verdade, acho que era mais um sonho daqueles em que não sabemos muito bem como começou e que também não se dormiu o suficiente pra saber o final. Acho que era isso mesmo.
E nesse mesmo dia que se prolongou por muitos outros dias, não se sabia ao certo o que era certo, e na incerteza de não saber viveu o que não era pra ser vivido. Mas, vivido não foi... acho que foi sonhado. Sei lá.
Lá de fora se via os pássaros, o dia estava meio escuro, a sombra das nuvens e a quietude de si mesmo. Calou-se entre palavras mudas, entre o olhar que não estava ali. Sobre a cama o livro entre aberto fazia sinal de que a página estava sendo lida, a TV estava ligada apenas pra dar luz ao quarto escuro. Mas ela estava atônita, parada, olhando pro nada, pensando no nada que não podia ser. Era mas uma reflexão louca da vida do que propriamente um pensamento formado.
Mas continuava ali, parecia mas alguém em nostalgia. E, acho que era isso – uma nostalgia de alguma coisa que não se sabe ao certo o que é.
E pensou sobre si mesma, sobre o que é sobre-humano, sobre o que é viver dentro de si o que não se vive fora, na verdade acho que nada parecia real ali.
Ao lado da cama - ao chão - estava uma caneta, abaixou-se e a apanhou. Era uma caneta e um livro sobre as mãos. E como não entendia muito bem o que se passava  naquele momento, nas páginas ao verso em branco do livro escreveu, não sabia muito bem o que iria postar ali,mas queria apenas escrever.
Nas linhas meios tortas, as letras desenhadas formavam frase complexas e ao mesmo tempo lúdicas, brincava com elas, havia um pouco de humor no seu momento melancólico.
Mas ela escreveu sobre ele, porque era ele que estava em seus pensamentos, às palavras não eram tão certas, assim como era incerto o seu pensamento.
E como se não houvesse tempo, as letras preenchiam cada espaço em branco até não restar mais nada a escrever, era dele aquelas palavras. Sentiu-se bem.
Jogou o livro ao lado, deitou sobre os lençóis e voltou a dormir. Queria sonhar, queria voltar pra escrever o final da história. E quando acordou, pegou o livro folheou cada página e viu que nada tinha escrito, então percebeu que tudo tinha sido apenas um sonho.

(Ana Clea Bezerra)

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