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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Lembranças...



Naquela noite ela tinha voltado. Seja bem vinda! Estava escrito na porta...
Ela entrou, olhou para cada canto da casa e se reconheceu em cada lugar.
Foi até a janela do quarto e viu uma linda lua clareando a cama que estava desfeita -  os seus lençóis estavam lá - amarrotados... Como se tivesse sido apertado à noite inteira. A bagunça na sala,  no armário sua roupas estavam amassadas, torcidas... Chorou.
Lembrou de pequenas coisas que a chateavam, coisas que a deixavam com vontade de sumir, voar... Ser pássaro. Lembrou das vezes que chorou contorcida entre lençóis e travesseiros, jurou não mais sofrer...
Lembrou do tempo em que era a personagem principal da história, uma história cheia de sonhos, fantasias... Mas acabou, virou-se a página, rascou-se o livro, pôs fim ao conto.
Sim, era um conto – Respondeu ela a si mesmo.
Naquela noite ela voltou diferente, não tinha o mesmo pensamento, os mesmos sonhos, havia algo meio lúdico, meio profano em sua volta. Sei lá... A volta sempre é mais difícil.
Mas estava certa, o reflexo no espelho era o mesmo, mas já não era a  mesma de outrora. Amava sim, mais como quem tivesse medo, como quem esperasse uma nova conseqüência.
Às vezes chorava e às vezes se transportava para um mundo que só ela conhecia, só ela fazia parte.
Voltou... Mas voltou sem entender o porquê de muitas coisas, voltou como quem estivesse sentado à beira mar esperando uma onda... Voltou porque precisava voltar.
Naquela mesma noite, tirou a roupa, vestiu um lindo vestido e pôs a mesa.
Olhou, sorriu um sorriso largo, afagou os cabelos e serviu a janta.
Parecia que nunca havia saído de lá.
Conversou poucas palavras, ligou o som e tomou posse do que era seu por direito.

(Ana Clea Bezerra)

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